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Os portões do Inferno e Os portões do Céu

  • Foto do escritor: Semente Plantada
    Semente Plantada
  • 20 de fev.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 24 de fev.

O céu e o inferno não são locais geográficos, são psicológicos, são a sua psicologia. Sempre que você age inconscientemente, sem consciência, está no inferno. Sempre que você está consciente, quando age com plena atenção, está no céu.


Samurai e monge conversando

O céu e o inferno não são locais geográficos, são psicológicos, são a sua psicologia. O céu e o inferno não estão no final da sua vida, estão aqui e agora. A cada momento, as portas se abrem, a todo momento você fica oscilando entre o céu e a inferno. É uma questão de momento, é urgente; num único momento, você pode sair do inferno e entrar no céu, sair do céu e ir para o inferno.


Ambos estão dentro de você. Os portões estão bem próximos um do outro: com a mão direita você pode abrir um, com a mão esquerda você pode abrir o outro. Basta uma simples mudança na sua mente, seu ser se transforma. Do paraíso para o inferno e do inferno para o paraíso.


Sempre que você age inconscientemente, sem consciência, está no inferno. Sempre que você está consciente, quando age com plena atenção, está no céu.

O mestre zen Hakuin é um daqueles raros florescimentos. Um guerreiro foi vê-lo, um samurai, um grande soldado, e perguntou: “Existe um inferno, um céu? Se há um céu e um inferno, onde ficam os portões? Por onde posso entrar? Como posso evitar o inferno e escolher o céu?


Ele era um simples guerreiro. Um guerreiro sempre é simples, do contrário não poderia ser um guerreiro. Um guerreiro conhece duas coisas: a vida e a morte. A vida dele está sempre em jogo, está sempre em risco. Ele era um homem simples. Não tinha ido aprender uma doutrina. Ele queria apenas saber onde estavam os portões, para que pudesse evitar o inferno e entrar no paraíso.


E Hakuin respondeu de um jeito que só um guerreiro podia entender. O que fez Hakuin? Ele perguntou, “Quem é você?” E o guerreiro respondeu: “Sou um samurai”. No Japão, ser um samurai é uma grande honra. Significa ser um guerreiro perfeito, um homem que não hesita um único instante em sacrificar a própria vida. Para ele, vida e morte são apenas um jogo.


Ele disse, “Sou um samurai. Sou líder dos samurais. Até mesmo o imperador me respeita”.

Hakuin riu e falou, “Você, um samurai? Mais parece um mendigo”.


O orgulho do samurai foi ferido; seu ego, pisoteado. Ele se esqueceu por que tinha ido até ali, puxou a espada e estava prestes a matar Hakuin. Esqueceu que tinha ido até aquele mestre para perguntar onde estava o portão do céu e o portão inferno. Hakuin riu e disse, “Esse é o portão do inferno. Com essa espada, essa raiva, esse ego, assim se abre o portão”. Isso é algo que um guerreiro pode entender. Ele imediatamente compreendeu: esse é o portão. Ele guardou a espada.


E Hakuin prosseguiu, “Aí está o portão do céu”. O céu e o inferno estão dentro de você, ambos os portões estão em você. Quando você se comporta inconscientemente, abre o portão do inferno. Quando você está alerta e consciente, abre o portão do céu.


O que aconteceu com o samurai? Quando ele estava prestes a matar Hakuin, estava consciente? Estava consciente do que ia fazer? Estava ele consciente do que tinha ido fazer ali? Toda consciência havia desaparecido. Quando o ego toma o controle, você não pode permanecer alerta. O ego é a droga, o tóxico que lhe torna completamente inconsciente. Você age, mas a ação procede do inconsciente, não da consciência. E, sempre que algum ato procede do inconsciente, o portão do inferno é aberto. O que quer que faça, se você não estiver consciente do que está fazendo, o portão do inferno se abre. Imediatamente o samurai ficou alerta. De repente, quando Hakuin disse “Este é o portão, você já o abriu” a própria situação deve ter propiciado o estado de alerta. Por pouco, a cabeça de Hakuin não foi decepada.


Um momento mais e ela teria sido separada do corpo. E Hakuin falou, “Esse é o portão do inferno”. Essa não é uma resposta filosófica. Nenhum mestre responde de um modo filosófico. O mestre responde, mas a resposta não é verbal, é total. O fato de que esse homem podia tê-lo morto não é a questão. “Se você me matar e isso deixá-lo alerta, então valerá a pena.” Hakuin arriscava todas as cartas.


Isso deve ter acontecido com o guerreiro: parado, espada em punho, com Hakuin bem diante dele – os olhos de Hakuin sorridentes, a face risonha e o portão do inferno aberto - , ele entendeu: a espada voltou para a bainha. Enquanto guardava a espada, ele deve ter ficado totalmente silencioso, em paz. A raiva tinha desaparecido, e a energia que se manifestava em raiva tornou-se silenciosa. Se você, de repente, desperta em meio à raiva, sente uma paz que nunca sentiu antes. A energia está se movendo e, de repente, para você terá silêncio, silêncio imediato. Você vai mergulhar no seu interior, e a queda será tão repentina que você ficará consciente. Não é uma queda lenta. É tão repentina que você só pode ficar inconsciente nas suas tarefas rotineiras, nas coisas graduais. Você se move tão lentamente que não pode sentir o movimento. Esse movimento foi repentino - da atividade para a não atividade, do pensar para o não pensar, da mente para a não mente. Enquanto a espada voltava para a bainha, o guerreiro compreendeu. E Hakuin disse, “Esse é o portão do paraíso”. O silêncio é a porta. A paz interior é a porta. A não violência é a porta. O amor e a compaixão são as portas.


“Esse é o portão do paraíso”. O silêncio é a porta. A paz interior é a porta. A não violência é a porta. O amor e a compaixão são as portas.

(texto extraído do Tarô da Transformação - OSHO)

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